domingo, 9 de maio de 2010

Memórias de outrora...

O que a persistência nos faz fazer...
Muitas vezes a imposição leva-nos a testar capacidades, e apercebemo-nos de que afinal as coisas são mais fáceis do que pensávamos...
Assim, realizo que só fazendo é que se aprende! Vélhinho, muito popular, mas eficiente!...

Voltando às memórias de infância, rica de experiências proporcionadas pela vivência em terras africanas, vêm-me à memória acima de tudo os fortes laços estabelecidos no dia-a-dia entre as famílias que nos rodeavam, todas sofrendo dos efeitos do distanciamento das suas família biológicas, que na metrópole tinham ficado... Formavam-se assim novas "famílias", e a entreajuda era fantástica!
É obvio que muitas vezes o calor e a humidade eram insuportáveis, mas só de pensar que se vivia o ano inteiro ao ar livre!...
Tirando a época das chuvas torrenciais, que traziam nuvens de insectos, especialmente de umas enormes baratas voadoras e um tipo de percevejos mal cheirosos que voavam atraidos pela luz dos candeeiros da iluminação pública. Volta e meia lá tinhamos uma "baratinha" a fazer-nos vôos rasantes... o que era compensado por dias e dias a andar de bicicleta por toda a cidade, com uma noção total de independência. Doutra forma, ou andávamos de "machimbombo", ou então algum pai caridoso nos levava onde queríamos ir...

Haverá coisa melhor do que morar junto à praia?!! Ir a pé só com a toalha ao ombro e a embalagem de óleo Johnson com manteiga de cacau, para ajudar a estorricar mais? De preferência, o sol sempre apanhado nas horas de maior calor, para o efeito ser ainda mais devastador!...
E que dizer das férias, quando nos levavam o almoço à praia?!! Bem! Compreende-se agora a falta de pachorra para ter que entrar num carro e fazer não sei quantas dezenas de quilómetros... para poder gozar das delícias de uma praia! Éramos realmente uns privilegiados...
Isto para não falar dos piqueniques que volta e meia os "graúdos" organizavam para praias de sonho longinquas, tipo o Savane! Aí sim! Era em grande!...
Formava-se uma caravana de carrinhas Ford de caixa aberta, todo-o-terreno, e levava-se pessoal para montar a aparatosa encenação! Chegados ao destino, apareciam os famosos cestos de verga à inglesa, que mais pareciam malas de viagem atadas com correias de couro. De dentro delas surgiam, presas à tampa, pratos, copos e talheres, e acepipes variados que faziam as delícias da miudagem.
Não posso esquecer as idas ao Macúti onde a água do mar, longe da desembocadura do rio Xiveve, era mais verde, e onde havia encalhado um enorme barco ferrugento que era o local ideal para as brincadeiras do dia.
Muito mais há para contar... mas novos capítulos se seguirão...

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